Quando evitar uma jogada “GTO” (Game Theory Optimal) no poker Skip to main content

Quando evitar uma jogada “GTO”

Se você deseja vencer no poker online hoje em dia, esse artigo será útil para você, pois através dele você verá conceitos importantes para esculpir seu raciocínio e a maneira que você molda suas estratégias.

Eu estava escutando um podcast do Doug Polk e Andres “Educa-p0ker”Artinano. E essa frase do Andres se destacou (parafraseando):

Solucionadores (solvers) são muito bons para estudar estratégias pré-flop e flop, mas não muito úteis para estudar turn e river.

Andres está basicamente dizendo que é menos importante jogar poker seguindo a teoria (ou pelo menos uma versão de poker teórico do solucionador) nas streets finais.

[learn_more caption=”O QUE É “GTO”?”] Game Theory Optimal (GTO) é teoria ideal de jogo. Solucionadores nos ajudaram a aprender mais sobre estratégia de poker GTO, mas a verdadeira estratégia GTO não é ainda conhecida (por isso que GTO está entre aspas no título) [/learn_more]

Por que é mais importante aderir à teoria nas primeiras streets (pré-flop e flop)?

Pode parecer contra-intuitivo, mas quanto mais cedo na mão se analisa uma estratégia ótima, mais complexa ela é.

Essa complexidade crescente é derivada da imensa quantidade de resultados possíveis no início da árvore do jogo. 1.326 mãos iniciais pré-flop, 19.600 flops diferentes, cada flop com 47 turns possíveis, cada turn com 46 possíveis rivers, mais de 50 diferentes formações pré-flop (BB vs BTN, SB vs CO, etc.), um grande número de possíveis stacks (especialmente em torneios de poker), com antes ou sem antes, qualquer tamanho de apostas disponíveis até o all-in pode ser usado em todos os pontos da árvore de decisão e muito mais.

Em outras palavras, existem milhões de diferentes “caminhos” que podemos tomar, mas apenas um punhado deles nos levará a vencer. Essa infinidade de opções torna extremamente difícil para nós, como meros humanos, determinar a estratégia pré-flop correta. Felizmente, algumas ferramentas foram desenvolvidas para nos ajudar a aproximar os ranges pré-flop e flop corretos (PIOSolver e PokerSnowie).

Voltando à questão, é mais importante ter arsenais de ataque e defesa bem orquestrados, isto é, ranges teoricamente sólidos nas primeiras streets, porque, do contrário, podemos nos encontrar em situações de investimentos perdedores.

Além disso, nossos oponentes naturalmente terão mais experiência em jogar nas primeiras streets do que nas posteriores (simplesmente porque eles ocorrem com mais frequência), por isso devemos esperar que eles cometam menos erros fundamentais nas primeiras rodadas e, portanto, é mais importante para nossa estratégia ser teoricamente bem fundamentada.

Acho que alguns exemplos vão ajudar a clarificar isso. 

Exemplo pré-flop

Considere a mão QTo. Se você acabou de começar no poker, isso pode parecer uma boa mão para jogar a partir do meio da mesa ou até mesmo da posição inicial . Duas cartas da broadways , podem fazer sequências – por que não?

Bem, depois da análise massiva do banco de dados e, mais tarde, das simulações do PokerSnowie, sabemos que essa mão não é um open-raise lucrativo porque isso leva a muitos resultados ruins nas últimas partes da árvore do jogo (como perder um monte de dinheiro com um top pair dominado ).

Exemplo no Flop

Existem tantas combinações de mãos no range de cada jogador , tantos turns e rivers diferentes que podem vir, e tantas profundidades de stack que é extremamente difícil entender completamente as implicações de apostar ou dar mesa certas mãos no flop. Nós, como seres humanos, não podemos ver isso tão à frente.

É aí que o software pode nos ajudar, porque eles podem simular a situação 40 vezes por segundo e, se você deixá-lo por alguns minutos, ele terá jogado essa batalha 10.000+ vezes para cada turn e carta do river possíveis. Eles sabem qual linha é preferível para cada mão, às vezes por razões que são efetivamente impossíveis para nós deduzirmos, porque eles viram o que acontece no final da árvore do jogo repetidas vezes.

Precisamos ser humildes o suficiente para aceitar nossas limitações e tentar entender por que as soluções do solucionador têm a mesma aparência.

Aqui está um exemplo de flop que imediatamente veio à mente por causa de como fiquei surpreso com a solução solver: suponha que você aumenta pré-flop com J♠ J♦ no botão , o big blind paga, e o flop vem 8♥ 5♥ 4♦ (100bb deep). Quando o big blind da check para você, o que você faria?

Vou dar um palpite e dizer que você apostaria, porque é o que eu teria feito também.

Então, vamos colocar essa situação no PIOSolver para ver a solução (vou resumir a solução abaixo da imagem para aqueles que não usam solucionadores):

JJ é nosso combo específico de JJ estão destacados em vermelho.

[learn_more caption=”Aqui está a explicação da estratégia” state=”open”]  Aposte 28% das vezes e dê mesa de volta 72% das vezes.  As apostas de valor de alta frequência incluem 99, trincas e straights.  A maioria das mãos em bluff contém um straight draw de 7, 6 ou backdoor, mas mesmo essas devem ser jogadas de check em alguma frequência.  Overpairs altos (JJ +) e top pairs fracos são checks numa frequência alta das vezes. [/learn_more]  

O solver deseja dar mesa com nossa combinação específica (J♠ J♦) 96% do tempo. Nós podemos especular o porque:

  • J ♠ J ♦ não precisa muito de proteção, já que as únicas cartas maiores são A, K e Q. É por isso que você vê o solver apostando com mais frequência com os overpairs mais baixos e com menos frequência com os overpairs mais altos.
  • J ♠ J ♦ não consegue extrair três streets de valor na maioria dos turns e rivers.
  • Ficaremos em uma situação desconfortável se encararmos um check-raise porque vamos enfrentar um range com muitas mãos fortes e haverá muitas cartas ruins para as nossas mãos (qualquer copas, 7, 6, 3, ás, rei ou rainha).

Note que as combinações JJ que possuem um flush draw backdoor são apostadas em uma frequência maior. Isso é provável porque eles têm uma equidade um pouco maior e é menos pior caso voce encare um check-raise enquanto segura um copas.

Por que é menos importante aderir à teoria no turn e no river?

Se usarmos a mesma lógica das rodadas iniciais do poker, é fácil ver porque conseguimos confiar mais em nossa intuição em streets posteriores (turns e rivers).

  • Os ranges são mais enxutos, o que torna mais precisa nossas análises sobre o range do adversário
  • A profundidade dos stacks (a proporção do stack em relação ao pote – SPR) reduz a complexidade da situação
  • No turn é muito mais fácil estimar o que acontecerá no river, uma vez que existem “apenas” 46 cartas que podem surgir (comparado com 2162 combinações de turns e rivers)
  • As estratégias dos jogadores não são tão afiadas e balanceadas quando comparadas ao pré-flop e ao flop.

Vamos analisar o exemplo de um river em que você defende o big blind contra um adversário do UTG. Seu adversário ataca nas três streets no board A♥ Q♠ T♠ 6♦ 8♠.

Nessa situação no river é extremamente difícil que nosso adversário esteja blefando, pois todos os possíveis semi-blefes (flushdraws, J9, etc.) completaram os draws.

Claro que o solver chegaria no river com blefes o suficiente, como você pode ver na imagem abaixo:

As mãos selecionadas são as mãos que um humano provavelmente nunca chegaria no river blefando.

[learn_more caption=”Detalhamento simplificado da estratégia do solucionador” state=”open”]  Aposte 40% do tempo e de mesa 60% do tempo.  Aposta de valor com flushes, sequências e alguns sets.  Bluff em frequências variadas com KTs, JTs, T9s, 99, 77 e 55. [/learn_more]

Devido a visibilidade extremamente visível ao longo da árvore de decisões, o solver é capaz de chegar no river com muitas combinações de mãos que poderia blefar lucrativamente. Você pode ver que ele apostaria duas vezes com alguns pares baixos (55, 77, 99) e algums bottom pairs (KTs, JTs, T9s) em algumas frequências.

Nós, humanos, não entendemos poker dessa forma – visualizando inúmeras possibilidades de turns e rivers – e provavelmente não chegaríamos no river com tais blefes em potencial. Não é preciso dizer que não devemos tentar imitar o que o solver faz (o que é praticamente impossível) porém nós podemos aprender inúmeras sutilezas e principalmente quais estratégias devemos utilizar nas primeiras rodadas de aposta.

Então, se você estivesse jogando contra um software solucionador naquele board A♥ Q♠ T♠ 6♦ 8♠ você poderia pagar no river com alguns bluff catchers. Contra a vasta maioria dos jogadores, entretanto, você faria mais dinheiro simplesmente foldando todos as mãos que são capazes de caçar blefes.

[learn_more caption=”NOTA DO EDITOR”] Um outro elemento importante: a estratégia do solver no turn e no river é desenvolvida de acordo com as streets anteriores e isso é altamente frágil, uma vez que muitas vezes os jogadores não utilizarão as estratégias ótimas no pre-flop e no flop. Isso significa que, quando o adversário desvia da estratégia perfeita, a contra estratégia do software é inapropriada na realidade. Logo, quando se usa um solucionador é necessário editar a estratégia do adversário para então obter uma resposta apropriada. [/learn_more]

Então, você deveria rasgar completamente a teoria (no turn e no river)?

Definitivamente não. Se seu adversário é um jogador muito bom, você precisará ter a teoria no seu bolso, para ter chance de vencê-lo.

Contra jogadores fracos, você precisa ainda entender e considerar a teoria de forma a realizar análises precisas sobre como eles desviam do que é teoricamente correto. Armado de tal conhecimento, você poderá facilmente implementar contra estratégias para derrota-lo.

Por outro lado, se você não sabe o que é correto, você terá momentos difíceis em entender e contra atacar os erros do seu adversário.

É isso por hoje. Espero que esse artigo tenha contribuído com sua visão sobre teoria. Deixe seu feedback nos comentários!

Até a próxima! Boa sorte nas mesas!

 

Artigo escrito por Dan B. em 19 de abril de 2019, para a Upswing.
Traduzido e adaptado por Luigi Soncin, para a ROYALpag.

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