Para quem é amante das cartas, é inevitável perceber a relação entre a superstição e o jogo de poker. Os jogadores estão sempre na linha tênue entre a glória e o fracasso, e algumas pessoas, quando estão diante de um grande desafio, precisam se agarrar a algo para ter a certeza de que tudo dará certo, e é aí que a superstição aparece.
Essa relação divide as opiniões de especialistas e jogadores quanto aos possíveis benefícios que a superstição pode trazer ao competidor. Uns acreditam que pode ser um fator motivacional, outros acham que ela pode se tornar uma “muleta” para os menos preparados.
Seja na roupa que determinado jogador utiliza em todos os jogos, seja na entrada principal do cassino, que os competidores evitam, a superstição já virou tradição nos feltros mundo afora. Quer saber um pouco mais sobre ela? Confira nas linhas a seguir!
Superstição: ajuda ou obstáculo
A superstição é benéfica quando o jogador tem o equilíbrio necessário para encará-la apenas como fator motivacional, sabendo que o seu bom desempenho está atrelado à sua dedicação e foco. Se o competidor tem esse equilíbrio, ele não se torna dependente de sua crença, evitando a transferência de responsabilidade em caso de derrota.
Quando o jogador é extremamente dependente da sua superstição a ponto de se desestabilizar e mudar a sua forma de jogar, ela se torna um fator negativo. Isso pode levar a duas possibilidades:
-
o jogador acreditar tanto no seu amuleto que, se por algum imprevisto, não puder contar com ele, se desconcentrará a ponto de o seu nível de desempenho cair vertiginosamente. A frustração pelo fracasso poderá minar a confiança do jogador na própria capacidade;
-
o competidor crê tanto na mágica de seu amuleto que, mesmo perdendo várias rodadas seguidas, continuará apostando toda a sua grana, acreditando que em algum momento o encanto acontecerá e ele voltará a vencer. Isso pode decretar o fim de seu bankroll e, possivelmente, de sua carreira.
Superstições que se tornaram tradição
Além das superstições pessoais, existem aquelas que, de tanto se repetir, caíram no senso comum. Quem nunca bateu na madeira três vezes após dizer algo ruim? O poker também possui as suas superstições que viraram “tradição”.
A crença que custou caro
Alguns jogadores evitam as entradas principais dos cassinos, acreditando que dão má sorte. Essa superstição custou caro à MGM.
Em 1998, a grande empresa de entretenimento inaugurou o seu cassino em Las Vegas. O destaque foi a sua imponente entrada, que custou uma fortuna para ser construída. Era no formato de um leão, símbolo da empresa.
O que era para ser um destaque se tornou prejuízo. Devido à crença de alguns jogadores, a porta principal, que era a boca do animal, passou a ser evitada. Eles acreditavam que daria azar entrar através da boca de uma “besta”. Diante dos protestos, os donos do hotel optaram por fazer uma reforma e remodelar a entrada.
Nunca deixe a sua carta cair
Outra superstição muito presente nos cassinos é a dos jogadores que param de jogar quando uma de suas cartas cai no chão. Para muitos, isso significa mau presságio, simbolizando a queda do competidor.
Da próxima vez que for a Las Vegas, segure firme as suas!
Na dúvida, use o vermelho
Muitos jogadores acreditam que a cor vermelha atrai sorte. Essa superstição começou com os jogadores chineses, que acreditam nos “deuses dos jogos”, e acabou caindo no gosto dos jogadores de outros países.
Todo novato é sortudo?
Não podemos esquecer a famosa “sorte de principiante”, quando um jogador inexperiente ganha todas na primeira vez. Essa é uma superstição que está presente em quase todas as modalidades esportivas.
Para muitos, ela não passa de mera coincidência, visto que os jogadores iniciantes, quando enfrentam os experientes, jogam com menos responsabilidade por não terem a obrigação de ganhar.
Superstições dos campeões
A boa ação que se tornou “obrigação”
O campeão do “$1,500 seven-card stud” do WSOP de 1993, Robert Turner, esperava um táxi em frente a um abrigo em Las Vegas quando começou a observar a fila onde moradores de rua aguardavam para receber alimentos. Tocado pela cena, Turner fez uma oração em pensamento e prometeu que, caso ganhasse o torneio de Lake Taheo, doaria a premiação aos necessitados.
Quando entrou no táxi, Robert foi surpreendido pelo motorista, que lhe disse: “Você não entrou neste táxi por acaso, Deus está contigo!” Turner tomou isso como sinal divino, venceu o torneio e cumpriu a sua promessa. Depois daquele momento, passou a doar com frequência após as suas conquistas.
A laranja que não virou suco
Na época em que era permitido fumar nos salões de jogos, quem não era fumante tinha que se virar para disfarçar o cheiro. Johnny Chan teve a ideia de levar uma laranja para as mesas — ele a cheirava para mascarar o odor e limpar as narinas.
Esse hábito seguiu durante algumas competições, e a laranja permaneceu apenas como uma fruta cheirosa até o WSOP de 1988, quando Chan ganhou o evento principal.
A partir daquele momento, a fruta deixou de ser um desentupidor de nariz e passou a ser um amuleto da sorte, sendo carregada por Johnny em todas as competições, mesmo após a proibição do fumo nos cassinos.
O cigarro que ninguém fuma
Uma das principais personalidades do poker, Sammy Farha, é facilmente reconhecido quando está nas mesas, sempre muito bem vestido e com seu cigarro na boca. Isso mesmo! Sam, apesar de não ser fumante e da proibição do fumo nos cassinos, não abre mão de levar o seu cigarro durante os jogos.
Não se sabe ao certo quando ele começou com isso nem por que, mas já confirmou em algumas ocasiões que acredita que o cigarro lhe traz sorte.
O moletom que não visitou a lavanderia
Em 2011, Pius Heinz começou o evento principal do WSOP com seu moletom branco. Até então, era apenas um casaco para amenizar o ar-condicionado e disfarçar suas expressões faciais com o capuz. Como foi bem no primeiro dia, resolveu continuar com a blusa no segundo, e o resultado também foi satisfatório.
Daí em diante, ele não conseguiu mais tirar a peça do corpo. Nascia ali um amuleto que ficou tão marcante, que, nos últimos dias, até os seus torcedores e amigos passaram a ir de casaco branco aos jogos. No fim, valeu a pena apostar no casaco: o jovem jogador faturou a “bagatela” de US$ 8.715.683.
Como vimos, a superstição é quase irresistível quando o assunto é poker e aparece quando menos esperamos. Devemos usá-la de maneira correta, para não ficarmos dependentes de seus encantos a ponto de desvalorizar a nossa capacidade e esforço.
Esse foi o nosso resumo da relação entre a superstição e o jogo de poker. Se você gostou do post e se identificou com algum caso, comente aqui embaixo e divida com a gente as suas experiências.