Se você já se sentiu extremamente desconfortável por enfrentar um check-raise no turn, esse artigo é para você.
Nós vamos cobrir alguns aspectos teóricos e outros práticos dessa situação de forma que você possa encontrar rapidamente a estratégia mais lucrativa para sua mão em questão.
Dividi nossa conversa em três partes:
- Dicas gerais para jogar contra check-raise no turn
- Prática versus teoria
- Exemplo: encarando um checkraise no board T♠8♥5♦Q♠
Dicas gerais para jogar contra um check-raise
Jogar contra um check-raise no turn não deveria ser muito difícil.
Alguns jogadores sentem que é porque eles estão apostando com mãos incorretas – aquelas que são muito fracas para extrair uma segunda street de valor em um board dinâmico – ou porque eles não desenharam um plano de ação caso enfrentasse um raise antes de apostar.
Você pode aumentar sua lucratividade rapidamente contra os check-raises no turn fazendo duas coisas:
- Betar por valor no turn com menos mãos de forma média.
- Sempre considerar o que pode acontecer se tomar um check-raise antes de apostar.
Teoria versus prática
Existe uma grande diferença sobre como as coisas deveriam ser feitas e como as coisas são de fato feitas. Isso é verdade tanto no poker quanto na vida.
Quando se trata de check-raise no turn e seus adversário estão usando uma estratégia teoricamente correta você precisará continuar com muito mais mãos do que você precisaria contra a maioria dos jogadores.
Por quê? Ora, pois a solução teórica ótima (GTO), aquela que explora ao máximo quando dois adversários estão movimentando os ranges perfeitamente, é muito mais agressiva que a maioria dos jogadores.
Para ilustrar isso vamos olhar como um software solucionador (solver) ataca e defende em termos de check-raise no turn.
Após essa reflexão, vamos alterar o movimento das cartas para representar de forma mais precisa o que você encontrará dentro das mesas.
Exemplo: adversário perfeito vs adversário real
Cash Game. 100bbs de stack efetivo
João recebe duas cartas no botão. Dá raise para 2,5bbs. SB fold. BB call.
Flop T♠ 8♥ 5♦
Big Blind check. João beta 1.8bb. Big Blind paga.
Turn Q♠
Big Blind check. João manda o segundo tiro de 6bbs
Primeiro, vamos ver como um jogador perfeito (de acordo com o PIOsolver) jogaria contra esse segundo barril.
O solver gosta de dar check raise com:
- ~50% das duas pontas de KJ
- 20% dos QJo (primeiro par + straight draw)
- 25% de 98 (par médio + draw)
- Uma porcentagem alta de combo draws (7♠ 4♠, 6♠ 4♠, etc.)
- 20% com os top 2 pares
- Todos os combos de straight nuts (J9)
Essa estratégia é realmente agressiva comparada com a da maioria dos jogadores. Supondo que o big blind dê check-raise com as mãos perfeitas, e no turn (T♠ 8♥ 5♦) Q♠
Big Blind check. João beta 6. Big Blind raise para 21.8bb. João…?
Aqui está como o João reagiria nessa situação:
O solver gosta de defender pagando com:
- Todos os pares que tem um straight draw.
- A maioria dos straight draws em J.
- A maioria dos overpairs (que são calls que não ganham praticamente nada, pois o EV é muito próximo de 0).
Nota: o solver está defendendo a frequência mínima de defesa (minimum defense frequency – MDF).
Agora, saindo da teoria vamos entrar na prática.
Descobri que o range de check-raise no turn da maioria dos jogadores é bem mais tight que esse range. Muitos jogadores provavelmente darão check-raise no board T♠ 8♥ 5♦ Q♠ com um range parecido como este:
- 100% das sequências (J9)
- 50% dois dois pares mais altos (QT)
- Todos os combo draws
(Nota: esse range já é tight, porém mesmo esse range tight é loose comparado ao fato de que a maioria das vezes muitos jogadores só terão mãos de valor nessa situação. Tente identificar as pessoas que só teriam um range de valor nessa situação e ajuste seu range de defesa corretamente.)
Aqui está como o solver se defenderia contra tal range de valor:
Aqui temos muito fold, devido a composição do range de check-raise do vilão ser formada por mãos de muita equidade.
Nós podemos ver aqui que os pares que antes pagavam tranquilamente já não geram EV jogando de call. Agora eles são snap-folds. As únicas mãos que são claramente lucrativas de se jogarem de call são: trincas, sequências e combo draws como J♠ 8♠. Mesmo dois pares deveriam ser foldados a maioria das vezes, contra tal range tight de check-raise.
Pensamentos finais
Existe uma sabedoria antiga em um post no fórum 2+2 que foi escrita muitos anos atrás e ainda se mostra verdadeira:
Você deveria reavaliar a força das suas mãos de um par quando encara um raise no turn.
É isso por hoje! Como de praxe, caso tenha alguma questão ou feedback, sinta-se a vontade para deixar nos comentários e eu farei o meu melhor para responder!
Boa sorte dentro das mesas!
Artigo escrito por Dan B. em 9 de agosto de 2019 para a Upswing.
Traduzido e adaptado por Luigi Soncin, para a ROYALpag.