Quando você chega no river com um flush draw que não evoluiu, você deve tentar blefar seu oponente ou seria melhor desistir?
Este será o foco deste artigo. Vou dividir com vocês 3 dicas para blefar (ou não) no river quando sua mão for um mero flush draw que não deu certo.
Vamos lá!
Dica #1 – Na dúvida, não blefe
Os flush draws são excelentes mãos de semi-blefe no flop e no turn. Estas mãos têm uma alta equidade, podendo evoluir para a melhor mão quando fizerem o call e ainda têm o benefício de conseguirem fazer com que mãos melhores desistam.
Só que no river as coisas mudam abruptamente. Flush draws que não deram certo têm os piores blocker para pensar em um blefe, ficando mais provável que seu oponente tenha uma mão feita que fará o call. Vejamos um exemplo simples para entender melhor.
Digamos que você fez o raise do botão com Q♠ 7♠ e o big blind fez o call. O flop mostra K♠ 8♠ 5♦. Com o flush draw, você faz uma c-bet baixa no flop e o big blind faz o call. O turn mostra J♥. Você solta um double barrel mediano, tipo 75% do pote, e o big blind faz o call. O river mostra um 2♣.
Agora, como funciona Q-7 naipado em termos de blockers?
Infelizmente, as principais mãos que você bloqueia fazem parte do range de fold do seu oponente, tipo Q♠ Jx, Q♠ Tx, Q♠ 9♠, Q♠ 5♠, J♠ 7♠ e 7♠ 5♠. A única mão check-call que bloqueamos é o Kx Q♠.
Como o seu flush draw que não evoluiu bloqueia substancialmente o range de fold do seu oponente, e quase nada do range de call, um blefe veria um call com muita frequência.
É fácil notar que devemos evitar o blefe com este tipo de mão. E este é o caso na vasta maioria das vezes quando temos um flush draw que não deu certo.
Dica #2 – Sempre considere todas as suas mãos possíveis de blefe
Blefar não é a forma de ganhar no poker, falando de forma bem direta. Os fatores mais importantes no valor esperado (EV) são as mãos fortes que podem ganhar no showdown depois de apostar (i.e., mãos de valor). O blefe é incluído no topo destes ranges para equilibrar o seu range, obrigando seu oponente a pagar blefes com mãos marginais.
Se não houvesse blefes em seu range, e seu oponente souber disso, ele pode simplesmente fazer o fold com todas as mãos ruins e você perderá com isso. (É por isto que jogadores muito tight têm dificuldade em verem calls de suas apostas). Portanto, você precisa adicionar blefes em número suficiente para fazer com que seja indiferente entre o call e o fold com as mãos de call em blefes.
Se você tiver muitas mãos de blefe disponíveis, como no exemplo acima, você precisa ser bastante exigente quando se trata da seleção da mão de blefe. Caso contrário, você pode acabar exagerando no blefe. Flush draws que não deram certo têm valor muito baixo nestas situações, como explicado no caso dos blockers acima.
Só que algumas vezes você não vai ter muitas mãos de blefe disponíveis. Quando for o caso, você precisa construir um range equilibrado de aposta, e flush draws podem ser o que você precisa para equilibrar com suas mãos de valor. O principal é considerar quantas mãos de valor você teria naquela situação, e então descobrir o número apropriado de blefes.
Dica #3 – Depois de fazer o check-call de uma aposta, você geralmente pode blefar no river depois de um turn sem apostas
Ainda em relação à dica anterior, existe um cenário comum no qual um flush draw que não deu certo se torna uma opção muito atraente:
- Você se defende no big Blind contra um a raiser que tem posição sobre você
- Você fez o check-call no flop
- O agressor também deu check no turn
Quando houver estes três fatores, o padrão muda de “na dúvida, fold” para “na dúvida, aposte” com um flush draw que não deu certo.
Quando você estiver fora de posição como o defensor, é preciso ter algum tipo de equidade e fazer o call da aposta no flop. Você não pode simplesmente fazer o float com um monte de mãos sem valor. Isto significa que você tem um range bem mais restrito que chega até o river — composto por várias mãos feitas e alguns poucos draws que não evoluíram.
Vejamos o exemplo da primeira dica, só que desta vez na perspectiva do big blind. Se você esqueceu, o board era K♠ 8♠ 5♦ J♥ 2♣. Você fez o check-call no flop, check-check no turn, e agora você decide sobre a estratégia de aposta no river.
Você não tem muitas mãos que não evoluíram para potencialmente blefar nesta situação. Esta lista é bem reduzida:
- Q♠ Tx
- Alguns Ax baixos e naipados com backdoor flush draw
- Alguns A mais altos com backdoor flush draw/straight draw (A♦ T♠, A9, A7)
- Straight draws com os quais você não apostou no flop (tais como 97s, 96s, 76, 64s)
- Flush draws com os quais você não apostou no flop
De todas estas mãos, você com certeza vai querer blefar com os straight draws que não deram certo e Q♠ Tx, porque estas mãos têm os melhores efeitos de blocker, mas você ainda tem poucos blefes para equilibrar todas mãos que sejam top pair ou melhores em seu range de aposta. Flush draws com certeza são o próximo candidato a ser adicionado no range de blefe, pois não bloqueiam mãos que sejam ace-high e que certamente optarão pelo fold (entre outros motivos).
Conclusão
Com estas 3 dicas, você deve começar a jogar de forma mais precisa com os flush draws que não deram certo no river. Você deve entender como seu range é percebido em cada cenário e então descobrir se outras mãos que não deram certo são abundantes o bastante para não precisar blefar ou não com flush draws que não evoluíram.
Isto é tudo. Esperamos que você tenha aprendido algo novo e que tenha curtido a leitura.
Até a próxima e boa sorte, grinders!
Traduzido e adaptado da UpSwing Poker por Alex Sal