Jogar bem em boards com pares é fundamental para aumentar a taxa de ganhos.
Neste artigo, você vai aprender alguns dos princípios básicos sobre como jogar flops com pares. Vamos também discutir algumas mãos centradas em como jogar os flops com pares em posição e como o agressor pre-flop.
Princípios nos flops com pares
A seção a seguir vai abordar alguns conceitos bem avançados. Se você se sentir limitado em relação ao que estiver lendo, é totalmente compreensível. Tente ao máximo entender os pontos genéricos que serão mostrados e preste atenção no texto em negrito.
Distribuição de equidade por posição e tipo de board
Parte do que faz os flops com pares serem tão interessantes é que a distribuição de equidade para cada jogador aumenta com base nas cartas específicas que forma o par no board:
Na maioria dos flops com pares, o agressor pre-flop (“PFR”) em posição (“IP”) terá a vantagem do range e do nuts em relação ao jogador fora de posição (“OOP”).
Por exemplo, em um flop com K♦ K♥ J♣, o PFR IP terá a vantagem da equidade/range, além de ter mais mãos superfortes, porque o PFR IP é mais provável de ter trincas/full que o jogador fora de posição.
Entretanto, em flops com pares médios (88x e menores), o jogador OOP geralmente vai ter a vantagem do nut. O jogador em posição mantém a vantagem geral de equidade/range, só que não é mais a vantagem absoluta quando se trata das mãos mais fortes possíveis.
Por exemplo, em um flop com 5♣ 4♦ 4♥, o pre-flop raiser em posição vai ter a vantagem do range, só que a vantagem do nuts pertence ao jogador fora de posição, que é o mais provável de ter trincas ou uma mão melhor.
A frequência e o size de suas apostas deve se basear em sua vantagem de range e do nuts
Agora que já abordamos os conceitos de “range” e “vantagem do nuts”, vamos explicar a sua importância:
O motivo pelo qual é importante estudar a distribuição de equidade em geral é que isto vai ditar o size e a frequência em que você vai apostar.
Frequências de aposta — quando apostar
As regras abaixo se aplicam às apostas em qualquer situação no poker:
1. Se você tem a vantagem de range, geralmente você deve apostar com frequência.
2. Se você não tem a vantagem de range, geralmente você deve optar pelo check com frequência.
Quando se trata de flops com pares, o agressor pre-flop em posição quase sempre vai ter a vantagem do range e portanto deve apostar com bastante frequência.
Há alguns flops que vão exigir mais checks que o normal pelo agressor pre-flop em posição. Entretanto, quase nunca vai ser um grande erro apostar em um flop com par quando formos o agressor pre-flop em posição.
Então surge a grande pergunta: qual é o bet size?
Bet size correto
Os bons jogadores tendem a limitar suas ações em 2 bet sizes específicos em qualquer situação. Isto geralmente ocorre porque ter mais que 2 bets sizes dificulta manter um range equilibrado.
Muitos bons jogadores até mesmo se limitam a 1 bet size para simplificar a estratégia. A não ser que você tenha estudado um board/situação específica a fundo, sugiro optar por 1 size em uma determinada situação.
A decisão em fazer uma aposta alta ou baixa é altamente determinada por qual jogador tem a vantagem do range, além da vantagem do nuts.
Você vai perceber o que estou dizendo nos exemplos das mãos que serão apresentados, e o segredo aqui é lembrar disto:
Você geralmente deve deixar suas big bets para quando tiver a vantagem do nuts, procurando fazer apostas menores quando não tiver essa vantagem.
Nos boards que dificultam identificar quem tem a vantagem do nuts, geralmente é mais seguro colocar todas as suas mãos em uma categoria de aposta mais baixa para evitar construir um pote grande quando você não tem muita certeza da sua situação.
Também vale lembrar que se você estiver optando por uma aposta mais alta, você vai ter que diminuir a frequência na qual aposta. Apostas altas geralmente são feitas com menor frequência e as apostas menores são boas em frequências maiores.
Por último, não existe uma obrigação em sempre apostar em boards com pares quando formos o agressor pre-flop. Isto se aplica quando estamos fora de posição (OOP). Só é correto apostar quando o Valor Esperado (“EV”) de uma aposta for maior que o EV de um check — vale tanto para mãos por valor e aos blefes.
Exemplos de mãos
Agora que já discutimos alguns conceitos fundamentais, vamos examinar algumas mãos e analisar como estes princípios se aplicam ao processo de tomada de decisão deste jogador.
Mão #01
$5/$10 No-Limit Hold’Em
Preflop
– Herói aposta do Botão $23,50 com K♦ 6♦. Call do big blind.
Flop ($51,20): 9♥ 4♦ 4♣
– Check do big blind. Herói aposta $16,50. Call do big blind.
Turn ($83,40): 9♥ 4♦ 4♣ 3♠
– Check do big blind. Herói aposta $53,06. Fold do big blind.
Análise do flop
Nosso primeiro flop tem um par baixo, o que significa que o jogador fora de posição (big blind) terá a vantagem do nuts. O agressor pre-flop em posição ainda tem a vantagem geral de range e deve apostar neste flop com bastante frequência.
Análise adicional sobre este flop:
“Embora este flop não seja um caso 100% de c-bet, eu vou apostar neste board com muito mais frequência se o board tiver apenas cartas baixas e mais conectadas, tipo 4♦ 4♣ 5♣. Meu oponente vai ter mais 4’s no range dele que eu, mas não muito maior.”
Podemos resumir este flop afirmando o seguinte: o Herói tem a vantagem geral do range, mas uma pequena vantagem do nuts. Com isto, apostar pouco com uma frequência maior é a melhor estratégia.
O Herói corretamente aposta cerca de ⅓ do pote e vamos para o turn.
Análise do turn
Breve análise da situação neste turn:
O 3♠ n turn não ajuda muito nenhum dos jogadores e o Herói deve decidir se vai apostar pela segunda vez ou se vai optar pelo check.
Ele opta pela aposta, explicando que se você só apostar seus draws neste turn, você não vai ter muitos blefes no seu range para equilibrar suas apostas por valor. O range do big blind ainda é bastante amplo e uma segunda aposta pode forçar o fold de várias mãos com high cards e outros floats.
Embora K♦ 6♦ tenham algum valor de showdown, o Herói estaria mais propenso a também optar pelo check com mãos high-card fortes, tipo A-high e KQ , torcendo para chegar no showdown.
Em análise posterior, o solver nos mostrou que K6s apostaria neste turn cerca de 38% das vezes. Entretanto, K♠ 6♠ e K♥ 6♥ formam o grosso do range de aposta, pois bloqueiam mãos tipo 6♠ 4♠ e 6♥ 4♥, respectivamente.
Mão #02
$2/$5 No-Limit Hold’Em
Preflop
– Herói aposta $11,55 do cutoff com Q♠ 8♠. Call do big blind.
Flop ($25,60): J♠ J♦ 2♠
– Check do big blind. Herói aposta $8. Call do big blind.
Turn ($41.60): J♠ J♦ 2♠ J♥
Check do big blind. Herói aposta $28,05. Fold do big blind
Análise do flop
Este board com high-card dá a vantagem do nuts e a vantagem geral do range para o agressor pre-flop em posição. Nosso especialista explica que neste board vai apostar basicamente em 100% do tempo. Ele pode dividir seu range em dois bet sizes, mas neste caso ele prefere optar por uma aposta pequena, de ⅓ do pote.
Análise do turn
O turn não muda muito em termos de vantagem do nuts para nenhum dos jogadores. Nosso especialista ressalta que a distribuição entre cada jogador com uma quadra é praticamente a mesma neste caso. Já que o Herói ainda tem a vantagem geral do nuts, com todas as mãos que sejam high-pocket pair em seu range, ele opta por uma segunda aposta, de ⅔ do pote.
Uma análise posterior no solver sugeriu que Q8s deve apostar neste turn em praticamente 50% das vezes. Entretanto, se você olhar abaixo, você vai ver que Q♠ 8♠ especificamente deveria optar pelo check aproximadamente 100% das vezes, enquanto que todas outras mãos Q8s responderão pelo grosso das apostas. Você sabe o porquê?
Você descobriu porque Q♠ 8♠? Simplificando, se o Herói apostar no turn com Q♠ 8♠ e fizerem o call, ele estará virtualmente sem chance contra um full house ou uma quadra. Por isto, o solver sugere pelo check com qualquer flush draw perto de 100% das vezes.
Esta estratégia mantém todo o range fora de posição de Q♠ 8♠ com equidade ainda na mão, enquanto que ainda previne que o Herói blefe demais no turn. Este checks seguidos com flush-draw também servem como uma excelente forma de desmascarar blefes quando acertamos no river.
Nosso especialista ainda explica que é melhor apostar no turn com mãos como Q♦ 8♦ e tentar forçar o fold das mãos high-card do jogador fora de posição.
Agora vamos analisar a última mão:
Mão #03
$2/$5 No-Limit Hold’Em
Preflop
– Herói aposta $11,55 no botão com Q♣ T♣. Call do big blind.
Flop ($25,60): 9♣ 9♠ 6♣
– Check do big blind. Herói aposta $8. Call do big blind.
Turn ($41.60): 9♣ 9♠ 6♣ 8♥
Check do big blind. Herói aposta $25,15. Call do big blind.
River ($91,90): 9♣ 9♠ 6♣ 8♥ 9♥
Check do big blind. Check do Herói.
O big blind ganha a mão com A♥ 4♣
Análise do flop
O par de noves no flop é mais uma vez muito bom para o agressor pre-flop em posição em termos de vantagem do nuts. Se o board não estivesse com tantas possibilidades de draws, o Herói poderia apostar neste flop 100% das vezes com todo o seu range.
Q♣ T♣ certamente é forte o bastante para apostarmos aqui, e o Herói continua, apostando cerca de ⅓ do pote.
Análise do turn
O 8 no turn provavelmente ajuda o range do big blind um pouco mais que o range do Herói, mas, via de regra, nosso especialista explica que vai apostar sempre que o turn trouxer mais equidade. Ele aposta aproximadamente 61% do pote, o BB faz o call e seguimos para o river.
Análise do river
River ruim para o Herói e ele prefere o check. Em situações deste tipo, ele explica que não vai ser capaz de apostar 100% dos draws incompletos, pois acabaria blefando demais.
Nosso especialista ainda explica que, nestes casos, não é ideal blefar com flush draws incompletos porque estamos bloqueando os tipos de mãos que gostaríamos que o oponente largasse.
Não é preciso mencionar que o float duplo do vilão com A♥ 4♣ aqui é bem amplo, mas isso é o poker. Oponentes loose assim são o tipo de jogador que você quer na sua mesa.
Considerações Finais
Esperamos que este artigo tenha oferecido algum conceito inicial sobre como jogar em flops com pares.
Boa sorte nas mesas e até a próxima, grinders!
Traduzido e adaptado da Upswing Poker por Alex Sal