Nesse artigo você terá a oportunidade de entender como dissecar uma mão de poker de forma teórica. Digo oportunidade pois há pouquíssimas referências que explicam de forma tão detalhada e completa como analisar o jogo de maneira teórica e, em português, praticamente não há tal explicação gratuita.
O que você está prestes a descobrir são táticas de análise utilizadas pela linha filosófica “ótima”, isto é, o jogo GTO (game theory optimal).
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NOTA DO TRADUTOR
Antes de mergulharmos, como tradutor – para tornar a leitura mais prazerosa – e como jogador – para te ajudar a acelerar a evolução -, quero convidar você a fazer uma reflexão: se você enfrentasse uma enchente e tivesse que chegar em terra firme, um barco seria de grande utilidade, concorda?
Imagine que um casal com dois filhos está no meio de uma enchente com a água inundando toda a casa e de repente encontra um barco. O pai nunca pilotou um barco e, apesar de demorar um pouco para ligar o motor, logo descobre como liga-lo e como pilotá-lo.
Em menos de 30 minutos a família chega em terra firme. Assim que estão sãos e salvos a família se sente muito grata pelo barco ter sido fundamental para eles salvarem suas vidas e então o pai – como gesto de gratidão – sugere que a família carregue o barco na cabeça, pois afinal ele salvou a vida deles.
Ora, porque diabos eles estão carregando o barco na cabeça sendo que estão em terra firme? O barco foi apenas uma ferramenta – muito útil em certo período – porém totalmente inútil em terra firme…
Assim como o barco é uma ferramenta útil em certos momentos o método “teórico ideal” (GTO) é uma ferramenta útil quando você está enfrentando uma situação recorrente contra os mesmos adversários ou quando você não tem informações dos seus adversários. Metaforicamente falando tais situações são sinais que a água está subindo e é necessário usar o barco. Quando você tem uma informação precisa sobre a tendência de ação do seu adversário em determinada situação e quando não encontrará o adversário na mesma dinâmica não faz sentido usar o barco.
O mágico é que no poker não existe um divisor de águas nítido, pois na maioria das vezes estaremos certa hora em terra firme e noutrora em mar aberto, portanto é prudente aprender a mudar de marcha com velocidade, mas sem ansiedade.
Numa palavra: é muito útil saber pilotar o barco, este artigo te ajudará a aprender como fazer, apenas lembre-se de deixá-lo na margem quando estiver em terra firme.
PS: como a análise a seguir, num primeiro momento, pode parecer abstrata tomei a liberdade de criar algumas analogias para facilitar seu entendimento. Espero que goste 😀
Agora, vamos olhar um método para analisar as mãos de uma perspectiva teórica. Ao contrário do método de 5 minutos – que te ajuda a encontrar a melhor jogada no vácuo – o método a seguir irá ajudá-lo a encontrar a melhor jogada no que diz respeito à estratégia geral, isto é, aquilo que você faz no que diz respeito ao seu range como um todo. [/box]
Leituras de mãos avançada
Se você quer descobrir teoricamente como proceder em uma determinada situação e/ou identificar suas falhas sob um olhar macro em termos de estratégia, essa seção é para você.
Nós vamos mergulhar em duas maneiras de analisar:
- uma quando estamos atacando (apostando ou aumentando)
- outra quando estamos defendendo (encarando um bet ou um raise)
Eu vou dividir as técnicas nesse artigo e analisar exemplos de ambos os cenários de forma que você consiga degusta-la de forma prática.
Uma vez que você domine essas técnicas, sua confiança em situações difíceis nas mesas vai subir mais rápido que uma bomba atômica.
Essa seção foi escrita por Thomas Pinnock
Seu escudo: a frequência mínima de defesa
A frequência mínima de defesa (minimum defense frequency – MDF) é a frequência das mãos que você precisa continuar para tornar as mãos do adversário que não tem equidade indiferentes a blefar. Em outras palavras, é a taxa que mostra quantas vezes você precisa dar call para que a aposta do seu adversário não obtenha lucros imediatos.
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NOTA DO TRADUTOR
A partir de agora o artigo será baseado em frequências cujos caminho para chegar nelas não é explicado. Então segue uma rápida explicação. Para calcular a frequência mínima de defesa (seu MDF) basta você fazer a seguinte conta: MDF = 1 – bet/(bet+pote)
Se você tiver interesse em ter uma visão teórica sólida sobre como tais cálculos se encaixam na mecânica do poker e se relacionam na filosofia do poker e de quebra acabar com a escuridão que talvez envolva seu processo de decisão basta acessar www.mentaleasy.com.br/anp [/box]
Por exemplo, se o adversário aposta 75% do pote, seu MDF é 57,14%*. Então você precisa continuar com aproximadamente 57,14% do seu range para evitar que o adversário te explore e obtenha lucros imediatos.
*Imagine que há 100 fichas no pote. O adversário aposta 75 fichas. Para chegar no MDF, isto é, para saber quanto do seu range você precisa defender para evitar que ao adversário blefe com quaisquer duas cartas, basta aplicar a fórmula: MDF = 1 – 75/(75+100) = 57,14.
Sua espada: as pot odds
Antes de mostrar como a espada deve ser usada é importante fazer uma rápida distinção. O leque de mãos do seu adversário (range) é como um arsenal. O range que está envolvido na mão é como as armas que um general escolhe para ir para a guerra. Os bluff catchers são as armas que não tem força para ganhar de armas fortes, porém tem um poder de fogo maior que o poder das armas que não tem força (blefes).
Dito isso, eis como você deve usar sua espada: as pot odds te ajudam a decidir quão frequentemente você precisa blefar para tornar os bluff catchers do seu adversário indiferentes em relação a sua aposta. Nesse cenário, as pot odds estão relacionadas a frequência que você deve blefar quando está fazendo uma aposta. É como se as pot odds fosse um medidor que mostra até quantas mãos você pode blefar para neutralizar a defesa do seu adversário.
Em cada rodada de aposta (street), nós podemos tornar o adversário indiferente a se defender organizando nosso arsenal com a exata proporção de combinações de valor/blefe comparando com as pot odds que oferecemos com nossa aposta.
Por exemplo: se você aposta 75% do pote no river, as pot odds para o adversário dar call são 30%. Isso significa que o adversário precisa estar certo 30% das vezes para pagar com seu pior bluff-catcher. Na essência você consegue reduzir o EV da decisão do adversário até zero ao blefar a exatamente 30% das vezes, pois dessa forma o vilão não poderá te explorar (ganhar dinheiro em cima de uma tendência de aposta) foldando muito ou pouco (overfolding ou underfolding) para sua aposta.
Vamos voltar e determinar as frequências ideais no turn e no flop (supondo que vamos apostar os mesmos 75% do pote no flop e no turn).
Se você já se perguntou como saber com quantas mãos devo blefar (?), agora você vai encontrar a resposta lógica/matemática.
Conceitualmente falando você precisa saber: a proporção de mãos de valor que você tem que ter no river para tornar o call do adversário indiferente (temos X). Isso você descobre comparando as pot odds oferecidas e essa por sua vez com base no seu size bet. Então, a proporção de blefes é X-1. Supondo que escolha o mesmo size no turn e no flop basta você multiplicara a frequência X pelo número de streets. No caso, teríamos: X*X*X (flop, turn e river).
Vamos ver isso na prática.
Se 30% do seu range no turn precisa desistir no river, enquanto 70% do seu range vai apostar no river. Se 70% das mãos que você apostar no river são mãos de valor, então a proporção de mãos que são de valor no turn são 70%*70% = 49%
Repetindo tal processo para o flop (49%*70%) vemos que a proporção de mãos de valor no flop é de 34,3%.
Em outras palavras, para fazer os bluff-catchers do range do vilão indiferentes ao dar call nós precisamos apostar por valor as seguintes frequências:
- 34.3% por valor e 65.7% por blefe no flop
- 49% por valor e 51% por blefe no turn
- 70% por valor e 30% por blefe no river
Enquanto desistimos, nesse exemplo, uma média de 30% do nosso range em cada street.
Assumindo que nossos blefes não tem chance de vencer quando são pagos. Se nossos blefes tivessem equidade (um flushdraw, por exemplo), entretanto, nós poderíamos blefar numa frequência ainda mais alta – e apostar por valor numa frequência mais baixa do que os números calculados acima para tornar o call do adversário indiferente.
Exemplo: aplicando a teoria na prática
Vamos usar o MDF e as pot odds para analisar uma hand history das duas perspectivas: ataque e defesa.
100NL, 100BB Effective Stacks
Preflop
A mesa roda em fold até o CO que abre para 2.25BB, 2 folds, BB calls
Flop (5BB) A♥ T♦ 6♠
BB checks, CO bets 3.75BB, BB calls
Turn (12.5) 2♠
BB checks, CO bets 9.38BB, BB calls
River (31.26BB) 3♣
BB checks, CO bets 23.45BB, BB calls
Vamos começar com o jogador no big blind.
Usando seu escudo: a teoria da defesa!
100NL, 100BB Effective Stacks
A mesa roda em fold até CO que abre para 2.25BB, dois jogadores fogem e o herói/BB paga com o seguinte range:
Flop (5BB) A♥ T♦ 6♠
Hero checks, CO bets 3.75BB, Hero…?
CO bets 75% do pote então o MDF do herói é 57.14%
Primeiro, vamos olhar como nosso range pré-flop se compara com o range do CO:
Nós podemos ver que nosso range tem apenas 47,01% de equidade, fato que mostra que temos uma desvantagem de range. Como resultado, é prudente para nós foldar numa frequência um pouco maior que o MDF no flop, pois caso contrário, estaremos muito vulneráveis no turn e no river e seremos forçados a fugir numa frequência muito alta. Isso é como escolher recuar com os navios com cascos mais fracos da nossa esquadra quando ainda estão perto da praia, pois uma vez que chegarem nos mares mais profundos com ondas grandes eles serão automaticamente forçados a recuar, pois as ondas e ventos serão muito fortes, metaforicamente falando.
(O flop é a melhor street para over-foldar porque o pote é o menor, quando comparado com o turn e com o river, uma vez que temos menos dinheiro investido).
Escolhemos continuar com 188 combinações das 354 que haviam em nosso arsenal pré-flop.
Eis uma informação interessante: apesar de mãos como 77-99 terem forças absolutas grandes, tais mãos – contra o range do vilão – tem menos equidade que mãos como J6s e 98o.
Considerando a vantagem de range do adversário (e para simplificar a análise) vamos jogar nosso range todo de call. As mãos fortes que poderíamos dar check-raise, como 66 e ATo estarão no nosso range de call, para prevenir que nosso adversário aplique uma over-bet de forma altamente lucrativa nas próximas streets.
Turn (12.5) 2♠
Hero checks, CO bets 9.38BB, Hero…?
CO aposta 75% do pote, então o MDF do herói é:
O 2♠ é uma carta indiferente. Ela não ajuda muitas combinações de blefes do CO, apenas abre um backdoor flush-draw. Contra uma aposta de 75% do pote nós escolhemos defender 110/187 combinações = 58,82% do nosso range. Isto é, escolhemos defender aproximadamente 2/3 das armas existentes no nosso arsenal nesse momento da batalha.
Nossos segundos pares (Tx) sem flush draw pode ser jogados de fold. Nossas brocas (gutshots straight draws) são agora muito fracas para continuar sem flush draw – apenas os “combo draws” 98ss, 97ss, 87ss são passíveis de continuarem na mão. Você talvez poderia escolher dar check-raise com tais draws, balanceando* blefes com as trincas de 6, porque o baixo valor de showdown de tais mãos e as múltiplas possibilidades de jogos no river fazem com que sejam ótimos blefes. Para o propósito desse exemplo nós continuaremos jogando tais mãos de call.
*Assim como o Robinho (quando era bom) pedalava tanto para a direita quanto para a esquerda, um bom jogador deve apostar de forma balanceada, isto é, por trás de sua aposta deve haver a possibilidade de ter tanto blefe quanto uma de valor.
River (31.26BB) 3♣
Hero checks, CO bets 23.45BB, Hero…?
CO aposta 75% do pote, então o MDF do herói é de 57.14%
O river é um 3♣ que completa algumas sequências e “bricka” (erra) os backdoor flushs. Aqui nós precisamos fugir todos nossos Tx e alguns de nossos Ax mais fracos. Nós escolhemos defender 57,8% do nosso arsenal (63/109 combinações).
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NOTA DO TRADUTOR
Ok, agora finalizamos o olhar pelo lado da defesa e antes de passar para o ataque quero te lembrar que uma das maneiras mais efetivas de se estudar é se ter uma visão do todo e ir se aproximando, ganhando precisão, assim como aumentamos a resolução de uma foto.
Digo pois se você se sentiu confuso em algumas partes da análise acima, é normal. O que importa é você ter uma visão geral e com o tempo ir aumentando a resolução. Esse approach carrega consigo uma satisfação muito maior do que tentar imprimir a foto perfeitamente. Caso tente você não terá uma noção do todo, pode até ganhar uma realização imediata, porém terá menos consciência que um jogador que compreende bem uma parte e mais ou menos o geral.
Na essência o que quero dizer é: não importa se você não pegou todas as nuances de como o range de defesa se movimentou nessa mão. O que importa é ter aprendido alguma coisa sobre a dinâmica de execução da leitura da mão.
E como uma imagem vale mais que mil palavras segue uma sobre o que eu quero dizer:[/box]
Usando sua espada: a teoria do ataque!
100NL, 100BB Effective Stacks
Preflop
A mesa roda em fold para o Herói que está no CO que abre para 2.25BB, 2 folds, BB calls
Flop (5BB) A♥ T♦ 6♠
BB checks, Hero…?
Primeiro nós precisamos desenhar um plano de ataque. Nesse exemplo nós podemos adotar uma tática de ataque simples de apostar as três streets com nossas mãos de valor por 75% do pote. A pergunta importante é: quais são nossas mãos de valor?
Para descobrir isso nós precisamos considerar todas as nossas mãos e suas respectivas equidades contra as mãos que esperamos que o vilão pague as três streets, supondo que sejam cartas que não mudem nada (blank runnouts).
Na nossa análise feita pelo lado da defesa, nós conseguimos ver que o adversário precisa pagar até o final (call down) com a maioria dos Ax de seu range. Nós podemos mapear a força das mãos no power equilab. Usando todos os Ax_ do range do BBvsCO, nós vemos que a mão mais fraca tem mais que 50% de equidade contra tal range é o A9o com 56,5% de equidade.
56,5% é uma força muito pequena – nós não vamos ser capaz de dar call confortavelmente no flop ou no turn quando enfrentarmos um check-raise. Já que ela não é forte o bastante para apostar 3 streets por valor mas então precisamos escolher uma de três linhas de aposta para usar essa mão:
- Apostar no flop, apostar no turn e dar mesa no river
- Dar mesa no flop, apostar no turn e apostar no river
- Apostar no flop, dar mesa no turn e apostar no river
Nesse exemplo nós vamos dar mesa no flop e vamos apostar três streets por valor com AJ+.
- Range de valor no flop: AA, TT 66, ATs+, A6s, T6s, ATo+
Contando o número de mãos no nosso range nós vemos que temos 451 combinações depois que as cartas que caíram na mesa foram removidas da contagem. Nosso range de valor é de 58 combinações ou 12,86% de nosso arsenal escolhido pré-flop. Daqui nós podemos calcular o número mínimp de blefes que precisamos ter se escolhermos apostar 75% do pote as três streets.
Nós sabemos que no máximo 34,3% do nosso range no flop deve ser de mãos de valor, de forma que considerando tal porcentagem chegamos a conclusão que temos que ter 169* combos de valor.
Tal número é calculado quando dividimos o total de combos de valor pela frequência de valor que temos que ter no flop, neste caso 58/0,343 = 169,1).
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NOTA DO TRADUTOR
Para explicar como dividir seu range peço que abra espaço para sua imaginação e imagine que você é um político. Você precisa enviar 10 projetos para a câmara dos deputados. Numa determina época política você sabe que 7 dos 10 projetos serão aprovados e 3 terão pouquíssimas chances de passar. A pergunta é: que pautas você adicionaria nos projetos que tem poucas chances de passar? Isso é como escolher um blefe. Você escolhe pautas (cartas) que tem poucas chances (poucos outs) de ser aprovado, porém se forem aprovadas farão um grande impacto (se tornarão nuts). Algo como “exonerar imediatamente todos os políticos com ficha suja”. Convenhamos que tal projeto de lei tem poucas chances de ser aprovado com os políticos do brasil, assim como uma broca tem apenas 4 outs, porém quando chegarmos lá (quando for aprovado) fará um grande estrago (ganharemos o stack todo do adversário/esvaziaremos 99% do congresso, rs).[/box]
Quando selecionamos os blefes nós olhamos para mãos com bons draws de valor e/ou com mãos com baixo valor de showdown. Um de nossos melhores candidatos a blefar é o 98o – pois tem 4 outs como uma broca e nunca ganhará um showdown. 84s é outro bom candidato que não tem valor de showdown.
- Flop Bluff Range: 55-22,KJs+,K6s,QJs,Q6s,J6s,95s+,84s+,74s+,63s+,53s+,43s,32s,KJo+,QJo,98o
Aqui nós escolhemos blefar 35,25% do nosso arsenal (159/451 mãos). Quando nós apostamos, nossa frequência de aposta por valor é 58/(58+159 = 26,7%. Você talvez pense que essa frequência é muito baixa, mas lembre-se que nossos blefes tem uma boa equidade e que temos boa vantagem de range de forma que nossos blefes no flop serão levemente mais lucrativos.
Turn (12.5) 2♠
BB checks, Hero…?
O 2♠ é um brick para nosso range. O único blefe que melhora para valor é o par de 2. Entretanto, nós ganhamos alguns backdoor flush draws e algumas brocas a mais com 54s, 53s, 43s.
- Range de valor no turn: AA, TT, 66, 22, ATs+, A6s, T6s, ATo+
O range de valor no turn é de 28,64% (61/213 mãos) do nosso range de aposta no flop. Para balanceá-lo nós precisamos pegar alguns blefes de forma que no máximo 49% do nosso range de aposta no turn seja de valor. Sabendo disso, fazendo o cálculo concluímos que precisamos de 63 combos de blefe para balancear com nossas 61 mãos de valor.
Pegando nossos blefes nós precisamos escolher algumas mãos para desistir ou nós arriscaremos demais blefando numa frequência muito alta. Combinações como 33~55 ou 8♣4♣ podem ser jogadas de check-back para desistir no river uma vez que elas tem muito pouco valor de draw.
Mãos como KQ que tem 4 outs para o nuts e 6 outs para o Segundo par talvez ganhe no shodown. Entretanto, se apostarmos o turn o arsenal do adversário vai continuar encolhendo até mais ou menos um JT+, fato que torne nossas possibilidades de 2nd pair nulas, uma vez que se fizermos 2nd pair provavelmente estaremos enfrentando os dois pares do adversário.
Nesse cenário nós podemos pegar um par fraco – como um 32s – e usá-lo por ter 5 outs limpos de 2 pares. 54s, 53s, 43s também podem ser usados como blefes pois ganharam uma equidade extra no turn com a abertura da boca. Nós vamos continuar blefando com todas as combinações de backdoor flush draws. Nos continuaremos blefando com nossos 6x mais fracos porque nossos 6x mais fortes talvez ganhem a mão no shodown caso joguemos dando check.
- Range de blefe no turn:J6s,96s+,86s+,76s,63s+,53s+,43s,32s,KsQs,KsJs,QsJs,9s5s,8s5s,7s5s,8s4s,7s4s,98o
Nós decidimos continuar com 68 combinações de blefe (31,92% do nosso arsenal de ataque no flop). Nós vamos dar ceck e desistir com 84 combinações (39,44% do nosso range). Essa frequência de desistência é um pouco mais alta que a proporção de 30% que estamos buscando, porém é um resultado de ter “falta de sorte” de acertar uma carta blank no turn.
River (31.26BB) 3♣
BB checks, Hero…?
O 3♣ é uma boa carta para nosso range. Nós vamos alguns straight nuts com 54s e alguns 2 pares com 63s e 32s .
- Range de valor no river: AA,TT,66,22,ATs+,A6s,T6s,63s,54s,32s,ATo+
Isso nos dá um arsenal de 55,2% de valor (69/125). Quando apostamos 75% do pote nós precisamos blefar apenas 30% das vezes para tornar os bluff catchers do adversário indiferentes a pagar. Desde que nossos blefes não tenham mais equidade e que o range de continuação do vilão bloqueie algumas de nossas mãos de valor, nós não conseguimos blefar mais que 30% das vezes e nos manter balanceados.
- Range de blefe no river: 97s+,87s,9s5s,8s5s,7s5s,8s4s,7s4s,98o
Quando selecionamos as cartas para blefar no river, nós escolhemos mãos que tem o menor valor de showdown e mãos que, por um lado, bloqueiam significativamente o range de continuação do vilão e, por outro lado, não bloqueiem o range de fold.
Conclusão
É isso que temos para hoje. Espero que as metáforas tenham te ajudado a criar uma conexão mais clara sobre a teoria do poker.
Como sempre, por favor, nos envie comentários com feedbacks!
Boa sorte a todos!
Artigo escrito por Dan B. para a Upswing, em 27 de Julho de 2018.
Traduzido e adaptado por Luigi Soncin, para a ROYALpag.
